sábado, 4 de dezembro de 2010

Artrose de Quadril


Artrose de Quadril

  • O que é Artrose do Quadril:

Artrose do quadril é uma doença que ocorre devido a um desgaste/destruição da cartilagem que fica entre os ossos que formam o quadril, que é composto por uma esfera (cabeça do fêmur – osso da coxa) e uma cavidade (acetábulo – osso da bacia), onde a esfera deve se encaixar com perfeição. Entre esses dois ossos existe uma camada de cartilagem recobrindo-os de tal maneira que não permita o contato de osso com osso e facilite o deslizamento entre eles. Quando a cartilagem está preservada, sua espessura é sempre maior que cinco milímetros, sua superfície é lisa e macia e está totalmente banhada pelo líquido sinovial, que é um lubrificante de forma semelhante ao utilizado em engrenagens.
Um tecido fino e liso, chamado membrana sinovial, reveste todas as superfícies restantes da articulação. Em um quadril saudável, esta membrana produz o líquido que lubrifica e elimina a fricção nesta articulação. Normalmente, todas estas partes do seu quadril trabalham em harmonia, permitindo que você se mova facilmente e sem dor.

    





             
            É importante observar que na articulação normal não há dor, porque o contato entre os ossos se dá na região da cartilagem, que não tem nervos. Porém, quando a cartilagem se desfaz, o contato de osso com osso (que tem nervos) é que produz a dor.
            No quadril saudável, onde a cartilagem está preservada, o deslizamento é fácil e ocorre em amplitudes normais e sem dor. Porém, quando há destruição da cartilagem, geralmente aparecem dores e limitações dos movimentos, impedindo o paciente de realizar suas tarefas de rotina. Estas limitações são progressivas e interferem cada vez mais na sua vida.

  • Quem pode ter Artrose do Quadril:

É uma doença que atinge de 5 a 10 % da população e que ocorre com maior freqüência em adultos de meia idade e idosos, principalmente acima de 65 anos. Algumas vezes não apresenta uma causa específica ou conhecida, entretanto, na maior parte dos casos, ela é conseqüência de outras doenças, como defeitos congênitos do quadril, artrite reumatóide, necrose avascular da cabeça femoral, doenças ocorridas na infância e após traumatismos.

  • O que se sente:

Os primeiros sintomas podem ser um leve desconforto na região inguinal (virilha), nádega, coxa ou mesmo no joelho ou alguma rigidez articular (endurecimento da junta). Normalmente a dor piora com atividade física, mesmo que leve, e melhora com repouso.
Com o passar do tempo os sintomas tendem a se intensificar e a dor e a rigidez podem estar presentes mesmo em repouso. Muitas vezes o paciente percebe que está com dificuldade de vestir as meias ou calçar os sapatos. Isto é um sinal de que a cartilagem está cada vez mais fina e irregular. Quando finalmente o tecido cartilaginoso se esgota, o movimento passa a acontecer osso com osso o que é extremamente doloroso. O paciente neste estágio diminui sensivelmente a capacidade de movimentação de rotação, flexão e extensão da bacia e percebe que está cada vez mais limitado nos seus movimentos e que o mancar torna-se evidente.

  • Como se faz o diagnóstico:

A história detalhada do paciente é importante, uma vez que as osteoartroses podem estar relacionadas ao alcoolismo, anemia falciforme, uso prolongado de corticosteróides, atividades físicas de alto impacto, doenças na infância, traumatismos e fraturas do quadril entre outras. O exame físico da articulação coxo-femoral (quadril) demonstra, normalmente, diminuição da mobilidade articular (rotações interna e externa, adução, abdução e flexão) e dor à mobilização passiva do quadril.
O diagnóstico é confirmado através de radiografias que mostram alterações articulares características. Eventualmente, outros exames como cintilografia óssea ou ressonância nuclear magnética podem ser necessários para fazer diagnóstico precoce ou diferencial com outras patologias.

  • Tratamento:

O tratamento da artrose de quadril se divide em: tratamento não cirúrgico e no cirúrgico. A escolha de um ou do outro depende das condições clínicas e sintomatológicas do paciente e dos exames de imagem (radiografia, cintilografia, ressonância magnética, etc).

    • Tratamento não cirúrgico:

      • Programa de Fisioterapia é de extrema valia, principalmente se for realizado por um profissional que domina as técnicas de Terapia Manual.
      • Evitar esportes de alto impacto como futebol, tênis e corridas.
      • Praticar atividades físicas moderadas na piscina como natação ou hidroginástica.
      • Exercitar-se em bicicleta ergométrica sem carga.
      • Diminuir o peso corporal, se necessário.
      • Evitar carregar peso, subir escadas ou ladeiras
      • Utilizar, somente quando houver necessidade e sob prescrição médica, antiinflamatórios não esteróides.




    • Tratamento cirúrgico:

O tratamento cirúrgico está indicado nos estágios avançados da doença. Este estágio é determinado pela dor intensa e diminuição incapacitante da mobilidade do quadril. Em alguns casos a cirurgia indicada é a osteotomia (modificação da posição do fêmur ou da bacia). Mas, na maioria das vezes a artroplastia total do quadril é a cirurgia de eleição e consiste na substituição da articulação por uma prótese. Este procedimento elimina a dor e devolve a mobilidade da articulação.
É importante salientar que apesar dos benefícios que a cirurgia proporciona (alívio da dor e melhora da mobilidade) o paciente deverá continuar evitando esportes de impacto e atividades que sobrecarreguem a prótese, pois o sucesso e a duração da vida útil da cirurgia dependem muito dos cuidados pós-operatórios recomendados pelo médico e pelo fisioterapeuta.


Rx de prótese parcial

Rx de prótese total


  • Como se previne:

A artrose primária (sem causa específica) é de difícil prevenção, uma vez que ela se manifesta insidiosamente em indivíduos saudáveis previamente. Nos pacientes com alguma história de patologia prévia do quadril, todas as medidas citadas no tratamento não cirúrgico devem ser adotadas visando retardar ou mesmo evitar seu aparecimento. Deve-se ressaltar que o alcoolismo, o tabagismo o uso de drogas ilícitas além de corticoterapia por tempo prolongado são fatores de risco evitáveis de necrose avascular da cabeça do fêmur, uma das causadoras de osteoartrose do quadril.



Rafael Rabelo Mendes
Fisioterapeuta

  • Referências Bibliográficas:




Fibromialgia e Exercício

Fibromialgia - Exercício: O Grande Remédio


A maioria dos pacientes com fibromialgia (FM) recebe orientações para se engajarem em algum tipo de atividade física, como parte do tratamento. Provavelmente muitos pacientes com fibromialgia já tentaram atividades físicas variadas, mas vários são os percalços nesta jornada. Alguns não conseguem exercitar-se, pois sentem que suas dores pioram; outros já estão se exercitando, e não vêem grande benefício no ato em si; outros acham que ir numa academia ou a uma clínica de Fisioterapia é muito trabalhoso. Estes fatores levam ao desânimo e abandono da atividade física como um todo, o que é extremamente prejudicial.
Não há dúvida que a atividade física é vital no tratamento da FM. Múltiplos estudos demonstram este fato. O exercício melhora a disposição, o sono, ajuda a lidar com o estresse e, após algum tempo, exerce um efeito benéfico sobre a dor. O que poderia ser dito, então, para o paciente com FM conseguir chegar a um bom estado de condicionamento físico? Primeiro, é preciso ter uma visão realista das coisas: a fibromialgia não melhora sem exercício. Muitos pacientes não gostam de atividade física, e precisam então ver a atividade como um “remédio” que é necessário para o seu bem-estar. Porém, ao contrário de um remédio amargo, que não muda com o tempo, a sensação de bem-estar do exercício é progressivamente maior, e muitos pacientes acabam gostando e mantendo-se bastante ativos.
Segundo: o exercício deve ser iniciado de maneira lenta e gradual; se o paciente está parado faz tempo, não adianta andar uma hora no primeiro dia. Deve-se iniciar com cinco a dez minutos, contados no relógio, e gradativamente aumentar este tempo para 30 minutos diários ou 45 minutos, três vezes por semana.
Terceiro: aproveitar as várias oportunidades para atividade física. Parar o carro mais longe ou descer um ponto de ônibus antes do habitual podem ser bem aproveitados. Exercícios de alongamento podem ser feitos em qualquer lugar, a qualquer hora. O paciente com FM deve sempre estar se “esticando”, sem dar bola para quem está à sua volta. Por último: paciência, muita paciência. Após o início de exercício regular, aquele de 30 minutos por dia ou 45 minutos três vezes por semana, pode haver uma demora de até um ano para uma resposta do corpo. Alguns pacientes respondem mais rápido, outros mais lentamente. Mas não se deve desanimar – a recompensa será muito valiosa, e a qualidade de vida, muito melhor.

Rafael Rabelo Mendes
Fisioterapeuta


  • Fonte:

  1. www.fibromialgia.com.br



Fibromialgia e Eletrotermoterapia

Papel dos Recursos Eletrotermofototerápicos no Tratamento da Fibromialgia



  • Introdução:

Pelo caráter crônico e de múltiplos sintomas da Fibromialgia (FM), o tratamento recomendado aos portadores dessa síndrome é baseado na abordagem interdisciplinar, com intervenções no âmbito físico, farmacológico, cognitivo-comportamental e educacional1.
No âmbito das intervenções físicas, a fisioterapia se destaca pela riqueza de modalidades terapêuticas (cinesioterapia, hidroterapia, eletrotermoterapia, relaxamento, massoterapia e outros)2.
As intervenções por meio da eletrotermofototerapia são utilizadas como parte do programa global de reabilitação, principalmente para alívio da dor1. Com a redução da dor, há, consequentemente, aumento da amplitude de movimento, força muscular, mobilidade, resistência física, habilidade de andar e estado funcional3. Desse modo, teoricamente, a eletrotermofototerapia pode trazer benefícios aos pacientes com FM. Além disso, esses recursos oferecem muitas vantagens, pois são intervenções não-invasivas e rápidas de administrar, resultando em poucos efeitos adversos e contra-indicações4, quando comparadas com intervenções farmacológicas para redução dos sintomas da FM. Contudo, deve-se considerar que, para utilizar esse recursos, é necessário um profissional especializado e visitas periódicas do paciente ao local da intervenção.


  • Desenvolvimento:

Existe um grande número de modalidades eletrotermofototerapêuticas utilizadas na prática clínica da fisioterapia.
As modalidades eletrotermofototerapêuticas podem ser consideradas como recursos, dentre outros (exercícios, medicações, psicoterapia), que, em conjunto, devem compor o tratamento do paciente com FM para se obterem resultados satisfatórios.
Dentre esses recursos temos o laser de baixa potência que é amplamente utilizado em pacientes com desordens osteomioarticulares. Dentre os principais efeitos terapêuticos desse tipo de laser, encontram-se a ação anti-inflamatória, a analgesia e a modulação da atividade celular5. Para a FM o laser é recomendado, principalmente, para o alívio da dor. Como a dor crônica está intimamente relacionada com os outros sintomas da FM, acredita-se que sua redução causaria um efeito cascata para a melhora dos demais. Vale ressaltar que os efeitos dessa terapia são doses dependentes, e elas variam amplamente de 1 a 23J/cm2  2. O estabelecimento da dose ideal deve levar em consideração a espessura da camada tecidual a ser atingida, o tamanho da área afetada, o tipo de laser, a potência utilizada e o tempo de aplicação6.
Outro fator importante para a efetividade do tratamento com o laser é o número de aplicações, sendo recomendada pela World Association for Laser Therapy (WALT), sessões diárias por duas semanas ou em dias intercalados por três ou quatro semanas7.
O ultrassom (US) é utilizado pela fisioterapia por seus efeitos fisiológicos decorrentes de sua ação mecânica térmica. A ação mecânica aumenta a permeabilidade celular, diminui a resposta inflamatória, reduz a dor por meio da diminuição da velocidade de condução nas fibras nervosas e facilita o processo de cicatrização dos tecidos moles2. O US contínuo tem ação térmica que contribui para o aumento da vasodilatação local e, conseqüentemente, melhora da inflamação crônica, reduz o espasmo muscular e dor8. No estudo de Almeida et al. 9, para o US, foram utilizados os parâmetros pulsados a 1MHz e 2,5 W/cm2, não sendo mencionadas a repetição do ciclo de pulso, a área do cabeçote, o tempo e área de aplicação.
A corrente interferencial vetorial isolada (CIV) é uma corrente elétrica que apresenta ondas senoidais alternadas de média freqüência, com amplitude modulada em baixa freqüência, a CIV é capaz de atingir músculos e nervos profundos, estimular a contração ativa, aumentando o fluxo sanguíneo periférico e reduzr a dor9. Quanto à aplicação da CIV, os parâmetros utilizados foram 4000Hz, freqüência modulada de amplitude (AMF) 100Hz, com omissão do tamanho do eletrodo, do tempo e modo de aplicação9.
A utilização do US em conjunto com outra forma de eletroterapia, como a CIV, também conhecida como terapia combinada, promove analgesia localizada em áreas dolorosas previamente detectadas por eletrodiagnóstico8.
Quanto à TENS, sua ação mais reconhecida é a analgesia que ocorre por meio de corrente elétrica de baixo limiar que inibe a transmissão dos estímulos dolorosos na medula espinhal e libera opiácios endógenos, como as endorfinas10. A associação americana de dor considera a TENS como uma medida terapêutica de alta evidência científica4.


Aparelho de TENS



  • Conclusões:

O uso da eletrotermofototerapia no tratamento da FM demonstra efeitos positivos para esses pacientes. Contudo, novos estudos com uma melhor qualidade metodológica devem ser realizados, pois ainda se tem poucas informações a respeito dos seus efeitos adversos, doses de tratamento e total eficiência de sua utilização para potencialização dos resultados clínicos.


Rafael Rabelo Mendes
Fisioterapeuta


  • Referências Bibliográficas:

  1. Gur A. Physical therapy modalities in management of fibromyalgia. Curr Pharm Des. 2006; 12(1): 29-35.
  2. Ricci NA, Dias CNK, Driusso P. A utilização dos recursos eletrotermofototerâpicos no tratamento da síndrome da fibromialgia: uma revisão sistemática. Rev Bras Fisioter. 2010; 14(1): 1-9.
  3. Beckerman H, Bouter LM, van der Heijden GJ, de Bier RA, Koes BW. Efficacy of physiotherapy for musculoskeletal disorders: what can we learn from research¿ Br J Gen Pract. 1993; 43(367):73-77.
  4. Ottawa Panel. Ottawa Panel evidence based clinical practice guidelines for electrotherapy and thermotherapy interventions in the management of rheumatoid arthritis in adults. Phys Ther. 2004; 83(11): 1016-1043.
  5. Tuner J, Hode L, it’s all in the parameters: a critical analysis of some well-known negative studies on low-level lase therapy. J Clin laser Med Surg. 1998; 16(5): 233-236.
  6. Fukuda TY, Malfatti CA. análise da dose do laser de baixa potência em equipamentos nacionais. Rev Bras Fisioter. 2008; 12(1): 70-74.
  7. WAIT-World Association for Laser Therapy [home page na internet]. Recommended anti-inflammatory dosagefor low level laser therapy. Bergem: WALT; atualizada em 2009. Disponível em: http://www.walt.nu/dosage-recommendation.html.
  8. Maggi LE, Omena TP, VonKruger MA, Pereira WCA. Software didático para modelagem do padrão de aquecimento dos tecidos irradiados por ultrassom fisioterapêutico. Rev Bras Fisioter. 2008; 12(3): 204-214.
  9. Almeida TT, Roizenblatt S, Benedito-Silva AA, Tufik S. The effect of combined therapy (ultrasound and interferential current) on pain and sleep in fibromyalgia. Pain. 2006; 104(3): 665-672.
  10. Resende MA, Gonçalves HH, Sabino GS, Pererira SM, Francischi JN. Redução do efeito analgésico da estimulação elétrica nervosa transcutânea de baixa freqüência em ratos tolerantes à morfina. Rev Bras Fisioter. 2006; 10(3): 291-296.

Fibromialgia (Para Profissionais da Saúde)


Fibromialgia



  • Conceito:

Fibromialgia (FM) é uma síndrome reumática de etiologia desconhecida, que acomete predominantemente mulheres, caracterizada por dor musculoesquelética difusa e crônica, além de sítios anatômicos específicos dolorosos à palpação, chamados de tender points. Freqüentemente, estão associados outros sintomas, como a fadiga, distúrbios do sono, rigidez matinal e distúrbios psicológicos, como a ansiedade e depressão1.

Tender Points

Atualmente sabe-se que a FM é uma forma de reumatismo associada à exarcebação da sensibilidade do indivíduo frente a um estímulo doloroso. O termo reumatismo pode ser justificado pelo fato de a FM envolver músculos, tendões e ligamentos. O que não quer dizer que acarrete deformidade física ou outros tipos de seqüela. No entanto, a FM pode prejudicar a qualidade de vida, o desempenho profissional2 e as atividades de vida diária (AVD)3,4.
Diferentes fatores, isolados ou combinados, podem favorecer as manifestações da FM, dentre eles doenças graves, traumas emocionais ou físicos e mudanças hormonais. Assim sendo, uma infecção, um episódio de gripe ou um acidente de carro, podem estimular o aparecimento dessa síndrome. Por outro lado, os sintomas da FM podem provocar alterações no humor e diminuição da atividade física, o que agrava a condição de dor2.


  • Prevalência e Incidência:

As estimativas a respeito da prevalência da FM foram estabelecidas a partir de 1980, tendo como fonte pacientes norte americanos e europeus, variando de 2,1% na prática clínica de família, 5,7% na clínica em geral, 5 a 8 % em pacientes hospitalizados e 4 a 20% em clínicas reumatológicas5.
Senna et al.6 citado numa revisão bibliográfica de Cavalcante et al.7, realizado na cidade de Montes Claros MG, usou uma amostra probabilística por conglomerado composta por 3038 indivíduos. A FM foi a segunda desordem reumática mais freqüente, com prevalência de 2,5%.
Outro estudo8 estima que a prevalência da patologia seja predominantemente do sexo feminino (99,5%), com média de idade entre 52 e 57 anos.
A professora Dra. Suely Roizenblatt9 descreve uma incidência de 1 a cada 3 mulheres, numa faixa etária de 33 a 55 anos.


  • Papel da Fisioterapia:

O tratamento baseia-se no controle sintomatológico. A Fisioterapia tem um importante papel na melhora do controle da dor e no aumento ou manutenção das habilidades funcionais do paciente em casa ou no trabalho, assim como na redução de outros sintomas que lhe causam sofrimento10.
Os exercícios terapêuticos constituem o principal recurso na Fisioterapia para promover a melhora da função física. A grande variedade de exercícios benéficos existentes no tratamento de pacientes com FM demonstra o importante papel que estes desempenham na melhora da qualidade de vida dos pacientes, especialmente quando são respeitados os limites de dor e esforço e, se alcançada a aderência ao programa de exercícios, os ganhos podem ser consideráveis a longo prazo.
Embora os exercícios físicos, de forma geral, sejam considerados benéficos para os pacientes com FM, não são constatadas evidências que explicam os mecanismos pelos quais os exercícios atuam no sentido de aliviar o sintoma primário desta síndrome, ou seja, a dor11.
Os programas de exercícios aeróbicos no tratamento de pacientes com FM são freqüentes12, além do alongamento e fortalecimento muscular13.
Jentoft et al.13 examinaram os efeitos de um programa de condicionamento físico realizado em duas condições diferentes: em piscina com água aquecida e em solo. Os autores verificaram que, em ambas as condições, os pacientes com FM obtiveram melhora dos sintomas, em especial da fadiga, e alcançaram um bem-estar geral, além da capacidade aeróbica. Resultados favoráveis também foram encontrados em relação aos exercícios realizados em água aquecida14.
Turk et al.15 avaliaram a eficácia de um programa de tratamento interdisciplinar, compreendendo a participação de médico, fisioterapeuta, psicólogo e terapeuta ocupacional. Concluíram que o tratamento pode ser eficaz, mantendo- se os ganhos alcançados na terapia por seis meses após o término do tratamento.
A abordagem feita no tratamento de pacientes com FM deve ser, na maioria dos casos, encorajadora. Uma vez que a fisioterapia não objetiva somente o controle da dor, mas também a melhora da capacidade funcional, uma das metas do planejamento fisioterapêutico deve ser o papel educativo, para que os ganhos da intervenção permaneçam a longo prazo, e os pacientes consigam se tornar menos dependentes dos cuidados de saúde.
Rosen16 ressalta a importância de se estabelecer um adequado programa de exercícios para o paciente realizar em casa como suplemento do tratamento. Dessa forma, incentivam- se estilos de vida mais participativos e funcionais, contribuindo para restabelecer a flexibilidade física e emocional do paciente.


  • Conclusão:

A fisioterapia não deve ser somente um meio de alívio da dor, mas também de restauração da função e de estilos de vida funcionais, promovendo o bem-estar e a qualidade de vida dos pacientes com FM. É importante que o paciente seja um elemento ativo em seu tratamento e que metas mútuas sejam estabelecidas entre o fisioterapeuta e o paciente logo no início do tratamento.
Os programas de exercícios físicos promovem os maiores ganhos na diminuição do impacto dos sintomas da FM na vida dos pacientes. Os exercícios de baixa intensidade, ou aqueles em que o paciente é capaz de identificar o limite de seu esforço e dor, parecem ser os mais efetivos.
Salienta-se também a importância de um trabalho multidisciplinar e educativo no qual os profissionais de saúde, e entre eles o fisioterapeuta, se proponham a informar e instruir corretamente seus pacientes.
Assim, a fisioterapia pode vir a auxiliar no tratamento da FM, promovendo a melhora da dor e do impacto dos outros sintomas, restabelecendo a capacidade física, mantendo a funcionalidade e promovendo a melhora da qualidade de vida dos pacientes.

Rafael Rabelo Mendes
Fisioterapeuta



  • Referências Bibliográficas:

  1. Wolfe F, Smythe HA, Yunus MB, Bennett RM, Bombardier C, Goldenberg DL: The American College of Rheumatology 1990. Criteria for the classification of fibromyalgia: Report of the multicenter criteria committee. Arthritis Rheum 33: 160-172, 1990.
  2. www.fibromialgia.com.br
  3. Martinez JE, Atra E, Ferraz MB, Silva PSB: Fibromialgia: aspectos clínicos e   socioeconômicos. Rev Bras Reumatol 32: 225-230, 1992.
      4.  Wolfe TA, Bruusgaard D, Henriksson KG, Littlejohn G, Raspe H, Vaeroy H:   Fibromyalgia and disability. Scan J Rheumatol 24: 112-
118, 1995.
      5.  Júnior EA, Setter CJ, Vallada R. Tratamento Fisioterapêutico na Fibromialgia. Fisioterapia Brasil, São Paulo, v. 3, n. 5, p. 281-284, set/out. 2002
      6.  Senna ER, De Barros AL, Silva EO, et al: Prevalence of rheumatic diseases in Brazil: a study using the COPCORD approach. J Rheumatol 31: 594-7, 2004.
      7.  Cavalcante AB, Sauer JF, Chalot SD, Assumpção A, Lage LV, Matsutani A, Marques AP: A prevalência de Fibromialgia: Uma Revisão de Literatura. Ver Brás Remautol, v. 46, n.1, p. 40-48, jan/fev, 2006.
      8.   Helfenstein M, Feldman D. Síndrome da Fibromialgia: Características Clínicas e Associações Com Outras Síndromes Disfuncionais. Ver Brás Reumatol 2002; 42: 8-14.
      9. Mestre e Doutora em Reumatologia. Professora Afiliada da Disciplina de
Clínica Médica da Universidade Federal de São Paulo.
    10.  American Physical Therapy Association (APTA): Guide to Physical Therapist Practice. Phys Ther 81: S32, 2001
    11.  Clark SR, Jones KD, Burckhardt CS, Bennett R: Exercise for patients with fibromyalgia: risks versus benefits. Curr Rheumatol Rep 3: 135- 140, 2001.
    12.   Meiworm L, Jakob E, Walker UA, Peter HH, Keul J: Patients with fibromyalgia  benefit from aerobic endurance exercise. Clin Rheumatol 19: 253-257, 2000.
    13.   Jentoft ES, Kvalvik AG, Mengshoel AM: Effects of pool-based and land-based  aerobic exercise on women with fibromyalgia / chronic widespread muscle pain. Arthritis Care Res 45: 42-47, 2001.
    14.   Mannerkorpi K, Nyberg B, Ahlmen M, Ekdahl C: Pool exercise combined with an education program for patients with fibromyalgia syndrome. A prospective, randomized study. J Rheumatol 27: 2473- 2481, 2000.
    15. Turk DC, Okifuji A, Sinclair JD, Starz TW: Differential responses by psychosocial subgroups of fibromyalgia syndrome patients to an interdisciplinary treatment. Arthritis Care Res 11: 397-404, 1998.
    16.  Rosen NB: Physical medicine and rehabilitation approaches to the management of myofascial pain and fibromyalgia syndromes. Baillieres Clin Rheumatol 8: 881-916, 1994.



10 Mandamentos da Fibromialgia


Dez Mandamentos da Fibromialgia




1. Concentre-se no que você precisa fazer para se sentir melhor, não no que causou sua doença. Em resumo, olhe para frente, não para trás.

2. Procure tratamentos, não cura. Poucas doenças crônicas tem cura, e isso inclui a fibromialgia. Até que se ache uma cura, fique focada em tratar os sintomas.

3. Procure um médico e/ou um fisioterapeuta. É muito importante que o profissional compreenda e ouça suas queixas. Para ajudá-lo, tente fazer em que cada visita sejam discutidos poucos problemas por vez. Uma lista muito grande em uma só visita pode atrapalhar mais que ajudar.

4. Faça exercícios e tente a terapia cognitivo-comportamental. Quando alguém recomenda estas coisas, não acham que você é preguiçosa ou maluca. Esses tratamentos comprovadamente reduzem a dor, cansaço e humor.

5. Tente remédios comprovados cientificamente antes de terapias não testadas.

6. Quando estiver tentando uma medicação, faça um teste com você mesma:

*Tenha certeza que a medicação é segura (mandamento 5)
*Apenas comece um tratamento quando você puder saber exatamente se ele vai ajudar
*Veja se você melhora quando usa o remédio.
*Veja se você piora quando para o remédio.
*Veja se você fica melhor de novo se você recomeça o tratamento.
*Se o remédio passa por este teste, provavelmente ele funciona para você.

7. Se os seus sintomas pioram, não culpe o tratamento achando que ele parou de funcionar e não pare de repente com as medicações que está tomando ou saia correndo atrás de outro remédio. Estas doenças sempre se comportam com altos e baixos. Procure fatores de estresse que possam ter causado uma piora. Além disso, lembre-se que pode ser perigoso parar alguns remédios de repente. Cheque sempre antes com seu médico.

8. Quando um tratamento melhora seus sintomas, você deve aumentar a sua função. Isto é, se você melhorar com a medicação, tire vantagem disso, aumentando as suas atividades no dia-a-dia conforme a melhora dos seus sintomas. Faça isso com moderação, e não exagere! Não tente compensar o tempo perdido.

9. Pense muito antes pedir afastamento do trabalho ou auxílio-doença. Estes processos são muito estressantes, e tipicamente não resultam em melhora da saúde ou da capacidade física.

10. Lembre-se sempre que há sempre esperança. A maioria das pessoas com FM usam tratamentos que ajuda, e vivem melhor, com vida normal. Eduque-se, envolva-se no seu tratamento.



Rafael Rabelo Mendes
Fisioterapeuta


  • Fonte:

1.      Universidade de Michigan

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Fibromialgia

Fibromialgia



  • O que é Fibromialgia:
O termo fibromialgia refere-se a uma condição dolorosa generalizada e crônica. É considerada uma síndrome porque engloba uma série de manifestações clínicas como dor, fadiga, indisposição, distúrbios do sono. No passado, pessoas que apresentavam dor generalizada e uma série de queixas mal definidas não eram levadas muito a sério. Por vezes problemas emocionais eram considerados como fator determinante desse quadro ou então um diagnóstico nebuloso de “fibrosite” era estabelecido. Isso porque acreditava-se que houvesse o envolvimento de um processo inflamatório muscular, daí a terminação “ite”.
Atualmente sabe-se que a fibromialgia é uma forma de reumatismo associada à uma alteração da sensibilidade do indivíduo frente a um estímulo que é percebido pelo corpo como algo lesivo. O termo reumatismo pode ser justificado pelo fato de a fibromialgia envolver músculos, tendões e ligamentos. O que não quer dizer que acarrete deformidade física ou outros tipos de seqüela. No entanto a fibromialgia pode prejudicar a qualidade de vida e o desempenho profissional, motivos que plenamente justificam que o paciente seja levado a sério em suas queixas. Como não existem exames complementares que por si só confirmem o diagnóstico, a experiência clínica do profissional que avalia o paciente com fibromialgia é fundamental para o sucesso do tratamento.
Diferentes fatores, isolados ou combinados, podem favorecer as manifestações da fibromialgia, dentre eles doenças graves, traumas emocionais ou físicos e mudanças hormonais. Assim sendo, uma infecção, um episódio de gripe ou um acidente de carro, podem estimular o aparecimento dessa síndrome. Por outro lado, os sintomas de fibromialgia podem provocar alterações no humor e diminuição da atividade física, o que agrava a condição de dor.

  • Tratamento não-farmacológico:
Os especialistas em Fibromialgia do EULAR (Liga Européia contra o Reumatismo) elaboraram recentemente diretrizes para o tratamento desta síndrome.
Desta forma, são estas as recomendações do EULAR para o tratamento não farmacológico da Fibromialgia:

    • Hidroterapia e hidroginástica são úteis nos pacientes com Fibromialgia.
    • Programas de exercícios individualizados, incluindo exercícios aeróbicos e fortalecimento muscular, são úteis em pacientes com Fibromialgia.
    • A terapia cognitivo-comportamental pode ser útil em alguns pacientes com Fibromialgia.
    • Outras terapias como relaxamento, reabilitação, fisioterapia “no seco” e suporte psicológico podem ser usados de acordo com as necessidades de cada paciente.


Rafael Rabelo Mendes
Fisioterapeuta