segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Diabetes Gestacional

Diabetes Gestacional


·        O que é e como ocorre o Diabetes Gestacional:
Na gravidez, duas situações envolvendo o diabetes podem acontecer: a mulher que já tinha diabetes engravida ou o aparecimento do diabetes gestacional em mulheres que antes não apresentavam a doença. "O diabetes gestacional é a alteração das taxas de açúcar no sangue que aparece ou é diagnosticada, pela primeira vez, durante a gravidez. Pode atingir até 7% das grávidas, mas não impede uma gestação tranqüila, quando é diagnosticado precocemente e recebe acompanhamento médico, durante a gestação e após o nascimento do bebê", explica a endocrinologista Ellen Simone Paiva, diretora do Citen, Centro Integrado de Terapia Nutricional.
Apesar do diabetes gestacional ser considerado uma situação de gravidez de alto risco, os cuidados médicos e o envolvimento da gestante possibilitam que a gestação corra tranqüilamente e que os bebês nasçam no momento adequado e em boas condições de saúde.
Várias são as mudanças metabólicas e hormonais que ocorrem na gestação. Uma delas é o aumento da produção de hormônios, principalmente o hormônio lactogênio placentário, que pode prejudicar - ou até mesmo bloquear - a ação da insulina materna. Para a maioria das gestantes isso não chega a ser um problema, pois o próprio corpo compensa o desequilíbrio, aumentando a fabricação de insulina. Entretanto, nem todas as mulheres reagem desta maneira e algumas delas desenvolvem as elevações glicêmicas características do diabetes gestacional. Por isso, é tão importante detectar o distúrbio, o mais cedo possível, para preservar a saúde da mãe e do bebê.
"O tratamento do diabetes gestacional tem por objetivo diminuir a taxa de macrossomia – os grandes bebês filhos de mães diabéticas – evitar a queda do açúcar do sangue do bebê ao nascer e diminuir a incidência da cesareana”, explica a médica. Para a mãe, além de aumento do risco de cesareana, o diabetes gestacional pode estar associado à toxemia, uma condição da gravidez que provoca pressão alta e geralmente pode ser detectado pelo aparecimento de um inocente inchaço das pernas, mas que pode evoluir para a eclâmpsia, com elevado risco de mortalidade materno-fetal e parto prematuro.
Diante de tantos riscos potenciais, é essencial que as futuras mamães façam exames para checar a taxa de açúcar no sangue durante o pré-natal. "As grávidas devem fazer o rastreamento do diabetes entre a 24ª e a 28ª semana de gestação", diz a endocrinologista. Mulheres que integram o grupo de risco do diabetes devem fazer o teste de tolerância glicêmica, antes, a partir da 12ª semana de gestação. "Os exames são fundamentais para um diagnóstico preciso, porque os sintomas da doença não ficam muito claros durante a gravidez. Muitos sintomas se confundem com os da própria gestação, como vontade de urinar a todo momento, sensação de fraqueza e mais apetite", recomenda Ellen Paiva.

·        Importância da Terapia Nutricional:
Diagnosticado o diabetes gestacional, a gravidez precisa ser cercada de novos cuidados. "O controle da alimentação, por exemplo, deve ser feito com a ajuda de um profissional capacitado. Dietas mal elaboradas podem interferir no desenvolvimento do feto. Dietas abaixo de 1200 Kcal/dia ou com restrição de mais de 50% do metabolismo basal não são recomendadas, pois estão relacionadas com desenvolvimento de cetose", diz a médica.
A terapia nutricional é um aliado importante. Para muitas mulheres é suficiente para manter a glicemia dentro dos valores recomendados pelo médico. "Na gravidez, a mulher deve ganhar um mínimo de peso, em geral entre 10 e 12 quilos, para mulheres que estão com o peso adequado. Suas escolhas alimentares devem ser saudáveis. Será necessário relembrar os conhecimentos básicos de nutrição. Por isso, a orientação de um nutricionista é recomendável", explica Ellen Paiva.
          Dentre os objetivos da terapia nutricional deve constar, também, um limite para ganhar peso, recomendado às mulheres obesas. Isso é imprescindível, porque é mais freqüente que mulheres obesas desenvolvam diabetes durante a gestação. "O ganho de peso máximo recomendado para essa situação é de mais ou menos 7kg”, diz a diretora do Citen. A dieta pode ser acompanhada de exercícios leves como nadar ou caminhar.



·        Terapia com Insulina:
Caso haja dificuldade para atingir resultados satisfatórios do controle da glicemia somente com a dieta, há ainda a terapia insulínica, como uma alternativa de tratamento. "O tratamento com insulina está, em geral, indicado quando as taxas de glicose em jejum ficam acima de 105 mg/dl e as taxas de glicose medidas 2 horas após as refeições acima de 130 mg/dl", explica a endocrinologista Ellen Paiva.
É comum haver a necessidade de aumento das doses de insulina no final da gravidez, a partir do terceiro trimestre, porque a resistência à insulina, geralmente, aumenta neste período. No terceiro trimestre da gravidez, os níveis baixos de glicose que levariam à hipoglicemia são raros. Contudo, grávidas que usam insulina correm o risco de apresentar hipoglicemia. "Para prevenir os incômodos sintomas de uma crise de hipoglicemia, a gestante deve seguir o seu planejamento alimentar, respeitar os horários das refeições e fazer adequações necessárias em sua alimentação, quando for praticar algum tipo de exercício", recomenda a endocrinologista.

·        Papel da Fisioterapia:
Ao longo da história os benefícios de um estilo de vida mais ativo durante o período gestacional foram sendo reconhecidos, despertando o interesse de muitos profissionais da área de saúde. Escritos datados da época do Egito Antigo já referiam que as escravas tinham partos mais fáceis do que suas patroas, possivelmente por estarem mais aptas às exigências do parto. Já no século III a.C., Aristóteles observou que as mulheres sedentárias sofriam mais durante o parto, demorando a dar à luz, se comparadas às mulheres que continuavam trabalhando durante a gravidez. Atualmente, a prática de atividade física durante o ciclo gravídico-puerperal vem recebendo a merecida atenção de pesquisadores e profissionais que compõem a equipe obstétrica, no que diz respeito ao estudo das vantagens e dos riscos reais dos exercícios, quando comparado ao sedentarismo (Gardin & Artal, 1999; Ocanhas, 2003).
Assim sendo, o trabalho da fisioterapia durante a gravidez é benéfico tanto para a gestante com e sem o Diabetes Gestacional. Nesta última o tratamento fisioterápico visa manter a mulher ativa proporcionando um maior gasto energético, diminuindo os níveis elevados de glicose que ocorre nessa patologia. As atividades envolvem orientações multidisciplinares, atividades na piscina, caminhadas, exercícios com pequenas resistências, conscientização corporal e da região do períneo (região formada por músculos e pela bacia, tem a função de sustentação do assoalho pélvico), trabalho respiratório.



·        Controle da Doença:
Após o parto, geralmente o diabetes desaparece, mas essas pacientes têm grande risco de sofrerem o mesmo transtorno em gestações futuras e 20-40% de chance de se tornarem definitivamente diabéticas nos próximos 10 anos. "Além das complicações no pós-parto imediato, estudos demonstraram que os fetos macrossômicos têm risco aumentado de desenvolverem obesidade e diabetes durante a adolescência, por isso, os cuidados com a alimentação prosseguem após o parto, para mãe e filho", recomenda Ellen Paiva.
A prática de uma atividade física supervisionada também gera grandes benefícios para essas mulheres, mantendo-as ativas, com humor elevado, níveis controlados de glicose e auxiliando no controle do peso. Sempre lembrando que deve-se respeitar o tempo mínimo de recuperação pós parto, que é diferente de um parto normal para um cesárea.
Rafael Rabelo Mendes
Fisioterapeuta
CREFITO 4 Nº 118117 F
(31) 8828-4014
Fontes:
1.      GARDIN, S.K., ARTAL, R. Perspectivas Históricas. In: ARTAL, R., WISWELL, R.A., DRINKWATER, B.L. O Exercício na Gravidez. 2ed. São Paulo: Manole, 1999, p.1-7.
2.      OCANHAS, M.C.B. O Papel da Fisioterapia. Revista Gravidez & Gestação. São Paulo: Ed. Minuano, n.1, ago.2003.
3.      Dra. Ellen Simone Paiva: Médica especializada em endocrinologia e nutrologia. Mestre em Medicina na área de nutrição e diabetes pela USP. Titular da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, SBEM e da ABRAN, Associação Brasileira de Nutrologia. Diretora clínica do CITEN - Centro Integrado de Terapia Nutricional.



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